Da tática à prática: o que vai ficar para a história após a Copa

Copa Rio
DEFESAS BEM ARMADAS
Alemanha, Holanda, México, Chile, Costa Rica e EUA mostraram sistemas defensivos sólidos, optando por dois, três ou quatro zagueiros fixos. Não à toa, eles avançaram de fase e deixaram um legado técnico que não se traduz em retranca: todos eles sabem sair jogando, trocando passes desde a defesa. Laterais conservadores, mais preocupados em marcar do que em avançar, também deram as caras nesta Copa. O Brasil, acostumado com alas, ficou para trás.
A DERROCADA DA ÁFRICA NEGRA
Crises envolvendo pagamento de bicho comprometeram as campanhas das principais seleções africanas. Camarões ameaçou não embarcar para o Brasil, e Gana e Nigéria só tiveram a questão resolvida depois que o dinheiro desembarcou no país. Em campo, só Gana teve lampejos de brilho contra a Alemanha. Costa do Marfim, sem brilhar, caiu na primeira fase. A Argélia, da faixa árabe do continente, surpreendeu, com um futebol rápido e bom toque de bola.
O FIM DOS TIMES PEQUENOS
Seleções que deveriam ser sacos de pancadas superaram algumas grandes. A Costa Rica eliminou Itália e Inglaterra. A Argélia passou por cima da Rússia e foi às oitavas, carregando a Alemanha até a prorrogação. A Austrália engrossou para a Holanda, e o Irã só foi derrotado pela Argentina no último minuto. As goleadas aconteceram entre equipes favoritas: a Alemanha sacolou Portugal e Brasil; a Espanha foi massacrada pela Holanda; e a Suíça, cabeça de chave, foi batida por 5 x 2 pela França.
POSSE NÃO SIGNIFICA MAIS NADA
O mito da posse de bola, criado pelo Barcelona e pela seleção espanhola campeões de mundo nos últimos seis anos, foi sepultado nesta Copa. Manter o controle da pelota não significou vencer a partida. A Holanda, terceira colocada, foi o melhor exemplo disso: venceu Espanha, Brasil e Chile deixando o adversário jogar. A resposta estava nos ataques agudos e na troca diagonal e rápida de passes. Em compensação, quando tinha a bola nos pés, sofreu para vencer o México e a Austrália e empatou com Argentina e Costa Rica. O maior exemplo talvez tenha sido Alemanha 7 x 1 Brasil: o controle da posse de bola foi brasileiro.
JOGADORES POLIVALENTES
Grandes destaques do Mundial não tiveram posição fixa – ou atuaram com características diferentes do que a sua função exigia. Kuyt, atacante de origem, posicionou-se como lateral a partir do jogo contra o Chile. Mascherano, zagueiro no Barcelona, retornou às origens de volante e foi um dos principais articuladores do meio argentino. Müller, autor de cinco gols na Copa, recuou e reorganizou o ataque alemão com a chegada do centroavante Klose.
TÉCNICOS SEM MEDO
Se Felipão engessou o esquema tático da seleção brasileira, os outros treinadores surpreenderam com atitudes agressivas. O holandês Louis van Gaal foi o principal deles. Improvisou atacantes nas laterais, inverteu todo o posicionamento defensivo com uma só mexida e ainda cometeu uma das maiores ousadias da história das Copas, ao trocar o goleiro Cillessen por Krul exclusivamente para a disputa de pênaltis, contra a Costa Rica, nas quartas.

Reportagem de: 08.08.2014

Disponível em:
http://placar.abril.com.br/materia/da-tatica-a-pratica-o-que-vai-ficar-para-a-historia-apos-a-copa

Deixe um comentário