Presidente da Match defende Whelan e explica venda de ingressos da Copa

Whelan
Enquanto a bola rolava na Copa do Mundo no Brasil, a Polícia Civil do Rio de Janeiro trabalhava para desarticular uma quadrilha internacional de venda de ingressos para o Mundial. O evento passou, mas a investigação segue após a Operação Jules Rimet, que resultou na prisão de 12 pessoas, entre elas o inglês Raymond Whelan, de 64 anos, consultor executivo da Match Services, empresa que tem contrato com a Fifa para comercialização de bilhetes do Mundial até 2023. O presidente da Match e cunhado de Whelan, Jaime Byrom, continua no Brasil para tentar provar a inocência do consultor e comentou o caso em entrevista exclusiva ao “SporTV News”.
Byron defende Raymond Whelan, preso desde o dia 14, e afirma que não há nada de ilegal nas conversas do consultor da Match com o empresário Mohamadou Lamina Fofana, argelino que, segundo a polícia, é o chefe do esquema de venda ilegal de ingressos.

O Supremo Tribunal Federal decide na semana que vem se libera o britânico. Ele e outros nove acusados estão presos no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste. Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista da repórter Marina Izidro com o presidente da Match.
SporTV News – Na opinião da Match, Raymond Whelam fez algo ilegal?
Jaime Byrom – Baseado nas evidências que foram mostradas até o momento, não.
News – Naquele telefonema em que Raymond Whelan aparece negociando 24 pacotes de hospitalidade com Fofana, de onde vêm esses pacotes?
Byrom – Os pacotes que Ray propôs ao senhor Fofana são o que chamamos de “Rio de Janeiro venue series”, na categoria Match Business Seat e que tinha o preço de U$ 24.750 (cerca de R$ 55 mil) cada. A ideia é que 42 pacotes seriam disponibilizados para um dos nossos hotéis parceiros no Rio de Janeiro. No dia 3 de junho, fomos informados que o plano original de compra dos 42 pacotes, o hotel queria apenas 12. Isso significa que a Match Services ficou com 30 pacotes para usar ou para si, seus próprios convidados, ou achar clientes para comprá-los.

News – Uma investigação interna da Match descobriu que Fofana tentou revender outros pacotes comprados da Match, vocês até tentaram bloqueá-los. Por que então Raymond Whelan continuou a fazer negócios com Fofana depois disso?
Byrom – A Match Services é responsável por acomodação, ingressos e TI. Ray é diretor-executivo do setor de acomodações da Match Services. O comunicado que eu enviei sobre esse assunto foi apenas para quem tinha a ver com isso: o chefe de operações da Match Hospitaity, o gerente de contas responsável pela venda à Atlanta Sportif (empresa de Fofana) e o gerente responsável pela entrega dos pacotes de hospitalidade. Não teria sido normal na estrutura da nossa empresa anunciar essa decisão para toda a equipe. Ray não sabia da investigação à Atlanta Sportif (empresa de Fofana) e ao senhor Fofana.
News – O senhor explicou que a Match tentou bloquear os ingressos da Atlanta Sportif, vocês não pensaram em avisar a polícia?
Byrom – Honestamente, é preciso diferenciar vendas não-autorizadas de ingressos, que é algo ilegal, quando se tenta vender um ingresso acima do preço de face, da venda não-autorizada dos pacotes de hospitalidade. Essa é uma proibição comercial entre a Match Hospitality e seus clientes. Por isso, não havia necessidade de avisar ninguém além dos três membros da minha equipe para quem eu disse para não fazer negócios com a Atlanta Sportif.

News – Então é apenas comercialmente errado, não ilegal?
Byrom – Exatamente.
News – Mesmo que ele não soubesse da investigação interna, por que alguém como Raymond Whelan, com longa experiência nesse ramo, faria negócio com um homem como Fofana?
Byrom – O senhor Fofana é muito conhecido no mundo do futebol. Eu nunca tinha ouvido falar nele até o dia 15 de maio mas, aparentemente, ele é uma pessoa conhecida por ser agente de jogadores e a empresa dele faz negócios no futebol. Para ser honesto, não acho que há como presumir que Ray ou outros sabiam que ele estaria envolvido em atividades ilegais.
News – As 900 ligações encontradas pela polícia não significam que eles têm uma ligação mais próxima?
Byrom – Ouvimos das autoridades que houve 900 ligações entre Fofana e Whelan, mas nos só ouvimos uma ligação, que foi exibida pela TV Globo no dia 8 de julho.
News – Por que o senhor acredita que Ray não fez nada de errado?
Byrom – A evidência mostrada para a imprensa nos mostra claramente que não há nada impróprio ou ilegal, com relação às conversas com o senhor Fofana. Não achamos certo ele estar preso em Bangu há três semanas sem poder ter acesso às evidências. Queremos começar logo o processo que eventualmente levará à soltura de Ray.

Reportagem de: 26.07.2014

Disponível em:
http://sportv.globo.com/site/programas/sportv-news/noticia/2014/07/presidente-da-match-defende-whelan-e-explica-venda-de-ingressos-da-copa.html

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